
Apaixonada pelos vestígios do tempo,
a artista transita entre papéis antigos, jornais,
revistas, livros, fotos, cartas e envelopes,
colapsando no plano físico seu universo imaginário.
Manifesta sua arte com restos de tinta látex, nanquim,
canetas hidrográficas, lápis de cor e muita música.
Estudante entusiasta em psicanálise,
desenha sua trajetória caótica rente à poesia
e às tradições herméticas das antigas escolas de mistério,
sempre orbitando a estética da transmutação,
cada gesto assume caráter experimental
e cada fragmento materializa uma camada do próprio inconsciente
.

O que foi descartado retorna em outra frequência,
não como nostalgia, mas como reconfiguração
estrutural de ruínas imanentes,
como se cada superfície guardasse um gene recessivo,
um código aguardando ser ativado, uma palavra mágica ou o próprio despertar.
Membro da AJL e presente em OSCIPs literárias,
coletivos e mostras interdisciplinares,
a artista articula sua obra entre a realidade burocrática
e interiorana de uma gestora pública, apaixonada por turismo e desenvolvimento,
e os processos criativos fragmentados de uma onironauta consciente.
Realidades que se atraem,
se repelem, se sedimentam e,
de repente, encontram coerência em um ponto de tensão dissonante:
sua arte.

A música constitui o eixo gravitacional de sua escrita. Em seu blog, uma espécie de laboratório lírico-científico, cada texto deriva de uma faixa sonora, como se a canção fosse um dispositivo de acesso ao subsolo afetivo. O que surge ali não é crítica musical, mas transmutação literária. Letrista, tem como parceiro o produtor, multi-instrumentista e compositor MarcosPê.

“Tudo aqui é pesquisa, memória deste meu espectro, símbolos, frequências, arquétipos, invencionices, um jeito que encontrei de colapsar algo que me pertence nesse plano onde agora habito.”– shantall